Mão
Eu estou aqui,
como no tempo em que éramos dois cúmplices,
apenas não ouço a tua voz e não sinto a tua mão quente.
Estico o braço e não te consigo tocar.
Estamos a brincar às escondidas,
como quando éramos crianças?
Mas já chega de esconde esconde!
Agora diz sim,
Aparece!
Quero-te alcançar, nem que seja de raspão
Vou ganhar esse jogo que já perdeu a graça!
Eu sou os pés que caminham na tua direcção,
E fazem sombra na calçada de pedra,
Onde muitas vezes rasgámos os joelhos…lembraste?
Apenas as nuvens mudaram de lugar,
E o frio já não é o mesmo frio!
Mas, nós ainda podemos ser os mesmos,
temos é de fingir que o relógio parou!
Não contes a ninguém…está bem?
Afinal sempre partilhamos segredos,
e, os amigos são para isso mesmo…
Vamos saborear este reencontro,
e começar de novo…nem que seja a fingir,
como quando nos vestíamos de índios e atirávamos setas imaginárias ao sol,
ou quando eu e tu voávamos na vassoura que esperava por nós todas as manhãs.
Como é que tudo passou tão depressa?
Eu não queria sentir essa saudade,
que faz gelar a minha mão!
Michel Martins