A dois
Esta noite sou teu,
Apenas teu,
A alma que procuras na escuridão
A parte que faltava em ti...
Apenas eu preencho o vazio que te tortura,
Mas quem sou eu?
Uma alma na escuridão, a parte do nada que para ti é tudo?
Do nada podemos fazer tudo
Do tudo podemos fazer nada...
Vale o esforço de sermos dois...
Duas almas na escuridão
Duas vontades de querer
Dois corações que se tocam no breu
Querer é poder
Querer é crescer a dois
Dois seres que partilham a vontade de serem um só...
Por ti assalto a caixa de esmolas
Por ti sou quem sou
Por ti desço ao inferno de Dante
Sou eu...
Apenas eu,
O bem querer que tudo quer
A vontade de ser
A vontade de poder
Eu,
Tu,
Nós,
Quase nada
E quase tudo
A vida que se faz a dois
Duas almas que recomeçam do nada
O nada que faz tudo
E,
Assim somos nós os dois
Assim vivemos
Assim amamos
Assim nos amamos
Assim queremos ficar os dois...
A sós...
Tão sós
Tão nós os dois
Tão amantes eternos...
Michel Martins, Paris 8 Dezembro 2014