Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007
Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro
Existirá maior dor do que ver “morrer” quem nós amamos? Ter a certeza de que, como diria Adriano Correia de Oliveira “E o teu retrato em cada rua onde não passas”, nunca mais veremos passar o rosto do nosso “amado irmão”?
O morrer será sempre o sentimento de viver cada dia como o “fulano tal”, aquele que um dia morreu e ninguém deu pela sua falta, tal era a sua pequenez e insignificância!
De que somos feitos quando nos sentimos os Donos do Mundo? Sentiremos a invencibilidade dos maníacos? Perdidos por 100, ganhos por 1000?
“Porque te vi morrer eu canto para ti” e recuso a ilusão de que o amanhã nunca morre, e recuso pensar que “se todo o tempo é presente, todo o tempo é eternidade”, fazendo-me achar que tenho o vã direito de disparar a matar em todas as direcções, magoando-te meu “amado irmão”!
Não te quero magoar, pois és o meu “amado irmão” e no fundo da minha memória serás sempre a presença que cicatriza o meu sentimento mais profundo!
A propósito de passar muito tempo ausente de Portugal, alguém dizia que só voltava a sentir-se, novamente, Português quando voltava a sonhar em Português! Pois, a propósito de estarmos aqui longe um do outro, volto a ter-te aqui comigo, pois sonho aqui, agora, sempre, contigo e com o teu rosto que me ilumina e me faz sentir grande e com vontade de te amar “amado irmão”!
Domingo, 21 de Outubro de 2007
Discriminação Positiva
O Jornal de Notícias, na sua edição on line (
http://jn.sapo.pt/2007/10/21/economia_e_trabalho/governo_quer_avancar_gasoleo_profiss.html) avança hoje com a notícia de que o Governo quer avançar com gasóleo profissional: “
A criação do gasóleo profissional pode, finalmente, avançar em 2008, concretizando uma velha reivindicação dos transportadores rodoviários, que nos últimos anos se queixam de perder competitividade face aos espanhóis devido à subida do preço dos combustíveis. A intenção foi confirmada ao JN por fonte oficial da Secretaria de Estado dos Transportes.”
Na prática, tal quer dizer que “A criação do gasóleo profissional - que permite a devolução de parte do ISP pago no abastecimento - é uma reivindicação antiga dos transportadores pesados de mercadorias e passageiros e também dos taxistas, que nos últimos anos têm vindo a alertar para graves dificuldades. Em causa está a escalada dos preços dos combustíveis - à "boleia" das subidas do petróleo - desde a liberalização do sector, em Janeiro de 2004, agravada pelo aumento do ISP, IVA e aplicação de uma taxa de 2,5 cêntimos por litro”.
Pergunto eu, porque será que aquelas categorias profissionais terão direitos acrescidos, relativamente aos restantes trabalhadores, que diariamente utilizam os seus veículos para ir para os seus trabalhos, despendendo mensalmente centenas de Euros!
Vendedores, Professores, empregados das mais variadas actividades, não terão, também, eles direito a rever parte do ISP pago no abastecimento?
Alegam os taxistas e transportadores que têm vindo gradualmente a perder competitividade face aos Espanhóis! Muito bem, e os restantes trabalhadores não? Estes últimos têm vindo a enriquecer face aos nuestros hermanos?
Deixemo-nos de brincadeiras!
Levante o povo trabalhador a voz da revolta e trave esta discriminação positiva!
Sábado, 20 de Outubro de 2007
Listas de Espera
Listas de Espera em Portugal 10x maiores do que em Espanha?
Não me acredito! Nós somos melhores em tudo! Temos a Amália, o Eusébio, o Fado, o Zé Manel, o Pinto Monteiro, os Pastorinhos...
O que é que os Espanhóis têm? As tortilhas? O El Corte Inglês? Os charutos mais baratos? Os combustíveis mais baratos?
O que é que isso interessa?
A culpa é de quem fez as contas!
É sempre a maldita matemática a estragar tudo!!!
O Toneca é que tinha razão: "É só fazer as contas!"
E continuamos em crescente a fazer parte do anedotário Europeu!
Quinta-feira, 18 de Outubro de 2007
Canção com Lágrimas
Eu canto para ti um mês de giestas
Um mês de morte e crescimento ó meu amigo
Como um cristal partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada
Eu canto para ti um mês onde começa a mágoa
E um coração poisado sobre a tua ausência
Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês
Em que os mortos amados batem à porta do poema
Porque tu me disseste quem em dera em Lisboa
Quem me dera me Maio depois morreste
Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve
Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro
Eu canto para ti Lisboa à tua espera
Teu nome escrito com ternura sobre as águas
E o teu retrato em cada rua onde não passas
Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio
Porque tu me disseste quem em dera em Maio
Porque te vi morrer eu canto para ti
Lisboa e o sol Lisboa com lágrimas
Lisboa a tua espera ó meu irmão tão breve
Eu canto para ti Lisboa à tua espera...
Adriano Correia de Oliveira : Canção com lágrimas
Domingo, 14 de Outubro de 2007
Das telhas eu sou o telhado
Quando ouço esta música recuo 20 anos!
Parece que foi ontem, que ao som de um violão afinava a voz para passar um bom serão entre bons amigos!
Tudo passa tão depressa!
Gita
Raul Seixas
Composição: Raul Seixas e Paulo Coelho
“Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando”,
“Foi justamente num sonho que ele me falou”
Às vezes você me pergunta
Por que é que eu sou tão calado
Não falo de amor quase nada
Nem fico sorrindo ao teu lado
Você pensa em mim toda hora
Me come, me cospe, me deixa
Talvez você não entenda
Mas hoje eu vou lhe mostrar
Eu sou a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar
Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O blefe do jogador
Eu sou eu fui eu vou
Gita
Eu sou o seu sacrifício
A placa de contra-mão
O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição
Eu sou a vela que acende
Eu sou a luz que se apaga
Eu sou a beira do abismo
Eu sou o tudo e o nada
Por que você me pergunta
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra,
Do fogo, da água, do ar
Você me tem todo dia
Mas não sabe se é bom ou ruim
Mas saiba que eu estou em você
Mas você não está em mim
Das telhas eu sou o telhado
A pesca do pescador
A letra A tem meu nome
Dos sonhos eu sou o amor
Eu sou a dona de casa
Nos pegues pagues do mundo
Eu sou a mão do carrasco
Sou raso, largo, profundo
Gita
Eu sou a mosca da sopa
E o dente do tubarão
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão
Mas eu sou o amargo da língua
A mãe, o pai, o avô
O filho que ainda não veio,
O início, o fim, e o meio
O início, o fim, e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio
Por Entre-as-Asas de um Anjo
Entre-Os-Rios - 13/10/2007
Segunda-feira, 8 de Outubro de 2007
Igreja quer partir a Loiça
Abaixo reproduzo o conteúdo de um email da Associação Cívica República e Laicidade, que me é muito cara.
Além do mais, a sua frontalidade é de louvar.
"A aprovação da actual Constituição da República Portuguesa deveria ter posto termo aos regimes de privilégio então (1976) existentes em Portugal -- e, designadamente, ao regime de privilégio de que a Igreja Católica Romana aí tem vindo a auferir desde sempre.
Trata-se tão simplesmente de garantir que, no Portugal moderno a que aspiramos, nenhum cidadão possa ser discriminado, positiva ou negativamente, designadamente, por razão de crença ou de não crença religiosa.
Contudo, por muitas razões que a História nos há-de exlicar -- ou ir explicando... --, tal não sucedeu e, apesar dos (bons) propósitos dos constitucionalistas de 1976, até aos dias de hoje, a Igreja Católica Apostólica Romana continuou a assumir-se no país como se continuasse investida no seu velhíssimo estatuto de «Religião de Estado».
Um dos muitos espaços de intervenção em que esse (abusivo) estatuto de primazia e exclusividade se faz sentir é o da assistência espiritual/religiosa a doentes internados em estabelecimentos da Rede de Saúde Pública e, no momento em que, ao que parece, o Governo da República (Ministério da Saúde) procura definir uma regra equilibrada e equitativa na regulamentação daquela actividade assistencial, os bispos católicos saem a terreiro em aceso protesto de tipo... sindical, já que, como é bom de ver, estão sobretudo em causa relações laborais (vínculos e salários) dos seus capelães.
A «coisa» chegou mesmo ao ponto de o Cardeal José Policarpo, em recente intervenção sobre a matéria -- e em aparente «acto falhado» --, ter acabado a lembrar que... "há ainda muita loiça para partir" !!!
A este propósito, lembra-se aqui que a «funcionalização» das capelanias hospitalares católicas viola a Constituição da República e não está prevista na Concordata com a Santa Sé.
De momento é completamente impossível prever quem levará a melhor neste confronto de interesses?"